Como saber se um cachorro não quer interagir com pessoas?

Faz parte da nossa cultura querer que filhos e pets sejam simpáticos com todo mundo. Mas e quando o cachorro não quer interagir? Como perceber que ele está desconfortável? O que fazer nessa situação? Veja algumas dicas.

Mesmo trabalhando com comportamento animal, eu morro de vergonha quando uma pessoa vem toda amável e carinhosa chamar a Aurora (minha cachorrinha) para fazer carinho, e ela sai. Eu explico que ela não é uma pessoa (cachorra, eu sei) simpática. Mas parece que eu estou de má vontade e não quer que haja essa aproximação.

Me lembra quando eu ia na casa da tia chata (todo mundo tem essa tia!) e eu não queria abraçar, dar beijo, muito menos me aproximar dela. Mas eu era obrigada, já que “faz parte” de ser educada. Por que forçar uma criança a passar por uma situação que para ela é desconfortável? Só para a mãe passar por simpática e boa educadora?

Podemos extrapolar isso para os cães. Nem todo cachorro precisa querer interagir com todas as pessoas e animais. E isso não quer dizer que você é um mau tutor ou que não soube educar o peludo corretamente. Muito pelo contrário! Respeitar a individualidade e evitar que o animal passe por desconforto é o que faz o melhor tutor do mundo. Assim, o cachorro terá mais confiança em você.

Quais os sinais que o cachorro emite quando não quer interagir com uma pessoa?

Sabe aquela criança que chega na festa e se esconde atrás das pernas da mãe, para evitar falar com pessoas estranhas? O cachorro nem sempre tem essa possibilidade por conta da bendita coleira. Quem conduz essa ferramenta é o tutor. Se você encurtar a guia e colocar o cachorro perto da pessoa, ele não vai ter como fugir. E o desconforto vai ser cada vez maior.

Sinais de desconforto também são chamados de calming signals ou sinais de apaziguamento. Veja alguns deles:

  • Lamber o próprio focinho, mesmo sem comida perto;
  • Bocejar;
  • Orelhas para trás;
  • Evitar olhar, virando a cabeça;
  • Encolher o corpo;
  • Deitar sem que seja solicitado;
  • Cheirar o chão;
  • Tentar fugir.

A qualquer um desses sinais, peça desculpas e saia de perto da pessoa. Quanto mais forçarmos o cão a interagir contra sua vontade, mais medo ele poderá desenvolver de interagir com pessoas novas. Pode, até, chegar ao ponto dele começar a rosnar e avançar, como uma última alternativa de evitar aquele desconforto.

O que fazer caso o cachorro não goste de interagir com pessoas?

Primeiro de tudo é não forçar a aproximação. O ideal é fazer um treino de associação positiva entre a pessoa e o cachorro. Sempre respeitando o limite do cão.

Quando eu chego em uma casa para atender, eu não forço o cachorro vir até mim. Eu sigo alguns passos:

  • Jogo petisco próximo a ele;
  • Coloco comida em um brinquedo, ofereço para ele (sem que ele precise vir pegar na minha mão);
  • A medida que ele estiver confortável, pego um mordedor e ofereço para ele pegar da minha mão;
  • Ofereço petisco na minha mão aberta e parada, enquanto não olho para o cão;
  • Em nenhum momento eu tento tocar o cão, a não ser que ele venha até mim e peça.

O processo de aproximação deve sempre respeitar o limite do cão. Se ultrapassarmos esse espaço de segurança, podemos colocar em cheque todo o processo e retardar tudo o que já foi conquistado.

Jamais, em hipótese alguma, force seu cachorro a interagir com um ser humano, por mais que o cão seja muito sociável ou que o humano queira muito interagir com o cão. Respeitar o animal é aumentar a segurança dele em seu tutor e elevar o seu bem-estar.

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